Presidente sabemos que foi durante largos anos atleta do FC Crato, foi por amor que assumiu as rédeas do clube? Diga-nos qual (quais) foi (foram)?
Assumi a presidência do clube porque gosto muito de futebol e obviamente também do FC Crato, é o clube da minha terra. Foi no fundo um desafio que coloquei a mim próprio, no sentido, de poder ajudar o clube operando algumas mudanças, a todos os níveis.
Logo que assumiu teve uma decisão difícil nas mãos, (acabar ou não com o futebol 11 nessa época), visto que optou pela 1ª, arrepende-se de o ter feito?
Não creio ter sido uma decisão difícil, antes pelo contrário, penso que foi a melhor opção, até porque o estádio estava em fase de construção e o FC Crato não tinha campo para jogar.
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Nessa mesma época o FC Crato optou apenas por fazer uma equipa de futsal, constituída basicamente por atletas da terra, obtendo esta, um 5º lugar no final do distrital da modalidade. Na sua opinião considera esta posição positiva?
A opção pelo futsal nessa época foi uma forma de não deixar “morrer” o clube. Quisemos manter o clube em actividade nesse ano em que, como já referi, não tínhamos campo para poder treinar e jogar, sendo assim vimos no futsal uma alternativa. Penso que foi positiva a participação da equipa e consequentemente o 5º lugar alcançado.
Na época seguinte, extingue o futsal, e volta a apostar no futebol 11, porquê? O FC Crato não tinha condições de manter as duas modalidades?
Como referi anteriormente, o futsal foi apenas uma alternativa, uma modalidade de transição até a conclusão das obras do novo estádio. Com o início da época 2007/2008 e com o novo estádio construído, não fazia sentido continuar com o futsal, e não apostar no regresso do futebol 11. De qualquer forma as duas modalidades eram incompatíveis.
Estádio novo, equipa nova! Quando começou a escolher as peças do “xadrez cratense” para este novo desafio, já tinha como principal objectivo ser campeão distrital?
De maneira alguma! Nunca pensamos nessa situação em concreto. O objectivo era formar uma boa equipa, e tentar ficar nos primeiros cinco classificados.
Sabemos todos que foi um feito histórico, e ficará imortalizado na história do clube. Descreva-nos o que sentiu nesse dia?
Senti uma enorme alegria como é natural. Ver o trabalho, o esforço, a dedicação de uma época, reflectido na conquista do 1º lugar é algo de extraordinário e de inesquecível.
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Depois dos festejos, veio a dura realidade da subida à 3ª Divisão Nacional. De que maneira foi planeada esta nova etapa? Na sua opinião alterava alguma coisa se pudesse?
Sabíamos que participar no campeonato da 3ª divisão era uma realidade muito mais exigente e difícil, em nada comparado ao disputar o distrital. Dentro da nossa natural inexperiência nestas andanças, fizemos o planeamento possível. Agora passados alguns meses após o início da época, se pudesse alterar alguma coisa é evidente que alteraria.
As coisas até não começaram mal para o FC Crato, pois conquistou à 1ª jornada uma surpreendente vitória no reduto do Futebol Benfica, e depois eliminou da Taça de Portugal o Eléctrico da Ponte Sôr. Perante isto, previa-se que as coisas até ver estariam bem encaminhadas, não acha?
Começamos bem é um facto, mas cada jogo é diferente de outro. As equipas têm fases boas e fases má. Neste momento é obvio que a nossa equipa está a atravessar um momento delicado, mas há que acreditar que as coisas vão mudar, e que os resultados positivos vão surgir brevemente.
Á 3ª jornada surpreendentemente o treinador João Vitorino é afastado do comando técnico. Tem que reconhecer que no mínimo é estranho que aconteça uma “chicotada” à 3ª jornada. Quer-nos mencionar as principais razões que levaram a esta decisão?
Não é normal mandar um treinador embora ao fim de 3 jogos, mas foi uma decisão que nós, direcção do clube, tivemos que tomar face a algumas coisas que se estavam a passar, e que não eram do nosso agrado.
Posto isto eis que António Figueiredo foi o senhor que se seguiu, um treinador com larga experiência no distrital de Portalegre, mas com muita pouca no que toca ao nacional. Presidente, porque a escolha a recair sobre ele, o que o levou a pensar que seria ele o homem certo para o lugar?
Quando se muda alguma coisa pensa-se sempre mudar para melhor, e pensamos na altura que o Sr. Figueiredo poderia ser a escolha acertada, fruto da experiência que já tinha, mas infelizmente tal não se confirmou.
Pois mas infelizmente cedo se verificou que pouca coisa teria mudado com a alteração, e à 7ª jornada caía mais um treinador. Como explica esta instabilidade, o que estava a acontecer no seio do clube?
Quando não se ganha as coisas complicam-se, a instabilidade instala-se, e é difícil inverter esse rumo não se alterando nada. Nestas situações o treinador é sempre o “elo mais fraco”, e mais uma vez tivemos que tomar essa decisão, e prescindir dos seus serviços, face aos maus resultados da equipa.
E tínhamos o FC Crato novamente no mercado à procura de novo “comandante”. Solução encontrada, e os rumores passaram a confirmação, pois Vítor Nozes era o preferido, e o mesmo veio a aceitar o difícil desafio. Foi difícil convencer Vítor Nozes?
Não foi difícil convencer Vítor Nozes. A direcção fez-lhe o convite e ele aceitou.
Há uma pergunta inevitável, que temos que fazer Presidente. Porque Vítor Nozes não foi a 1ª opção da direcção? Pois para nós seria ele que reunia melhor “curriculum” para este tipo de prova, não acha?
Não há duvida que Vítor Nozes, tem um vasto “Curriculum” e larga experiência como treinador, mas nem sempre querer é poder, e na altura não foi possível o entendimento entre técnico e clube.
Adiante Presidente, após mais uma derrota para o campeonato, desta feita perante o Casa Pia, as coisas vão-se complicando cada vez mais para o FC Crato, não acha?
Sim, é um facto que as coisas estão difíceis, estamos numa posição delicada na tabela classificativa, mas há que continuar a acreditar que ainda tudo é possível.
Na sua óptica o terá que mudar ainda até final da época para que se consigam os objectivos a que se propuseram? Mais jogadores? Mais treinadores?
O que terá que mudar é que a equipa, comece a ganhar jogos e a somar pontos, que tanta falta nos fazem.
Como sabe também correm vários “boatos” sobre os ordenados “chorudos” que alguns dos jogadores do FC Crato auferem, confirma esta situação? Existe algum tecto salarial no clube? Se sim qual?
Eu não comento “boatos”. O clube paga aquilo que pode. Como nos tempos actuais ninguém joga de “borla”, e num clube como o FC Crato onde a maioria dos jogadores vem de fora, é normal gastar-se mais do que aquilo, que se gastaria se os atletas fossem todos da terra.
Qual o estado actual das finanças do clube? O clube não deve nada a ninguém, e tem todos os compromissos assumidos em dia. Penso que isto responde à questão.
O que podemos esperar para o futuro, um FC Crato na 3ª divisão ou um FC Crato condenado, e entregue a descida de divisão?
Eu não posso prever o futuro, mas evidentemente desejo um FC Crato na 3ª divisão.
No final da época, se os objectivos não forem atingidos, irá manter-se em funções? Se isso acontecer considera isso uma derrota pessoal, ou de toda a direcção?
Quero aqui deixar bem claro que não vou continuar à frente do clube, seja qual for o desfecho final da época. Não se atingindo os objectivos propostos não considero uma derrota pessoal, nem da direcção. Eu e os meus colegas trabalhamos diariamente para o clube, fazemos o nosso melhor e estaremos sempre de consciência tranquila, pois sabemos que demos tudo em prol do clube, prejudicando muitas vezes as nossas vidas pessoais.
Já conhecia o nosso blog? Qual a sua opinião acerca do mesmo?
Sim já conhecia e acho que está excelente! Quero dar-vos os parabéns pelo vosso trabalho, e pedir-vos para continuarem em força a divulgarem o universo FC Crato.
Presidente Helder Severino foi um prazer falar consigo, para terminar apenas gostaríamos que deixasse uma mensagem aos associados e adeptos do FC Crato.
Nesta fase crucial do campeonato peço a todos os associados e adeptos do FC Crato que apoiem a equipa até ao fim, e incentivem os jogadores em vez de os criticarem.
E, caros amigos, mais um grande momento deste nosso espaço, como pudemos verificar o nosso querido presidente é um homem humilde e de princípios, despedimo-nos então com amizade, desejando desde já as maiores felicidades ao Hélder Severino, agradecendo uma vez mais a sua amabilidade em receber-nos, e aproveitando também nós, para transmitir uma mensagem de apoio à nossa querida equipa, que por esta hora estará a aterrar na ilha da Madeira. Força rapazes tragam-nos a vitória.
3 comentários:
Presidente e amigo grande entrevista, um grande abraço do amigo e colega de direcção,ftrapola. Força FCC rumo à manutenção...
São pessoas com caracter,humildade e destreza que conseguem os grandes feitos, três qualidades que fazem de ti um presidente que até a data consegue um feito inigualável no comando deste nosso clube, do qual somos acérrimos adeptos.Sei que a vida pessoal nem sempre nos permite estar com inteira devoção, mas acredito que mesmo que não haja continuidade no teu trabalho sei que esta não vai desaparecer.Acredita que pessoas no futebol como tu fazem falta, não só pela entrega, bem como pelo carísma.
Deixo aqui também uma mensagem para toda a direcção do FCCrato, clube de todos nós,os meus sinceros parabéns,e não pensem que a época foi negativa, pois conseguiram elevar o bom nome do Crato a nível Nacional.
Coelho um grande abraço deste teu amigo e desejo-te as maiores felicidades.
Não assino mas certamente deves saber quem sou...
Presidente Hélder Severino, ao seu melhor nível.
Antigo jogador do FCC, da famosa década de 90 ( ainda trabalhei com ele três épocas, no Campeonato Distrital)
A ele ficará sempre ligada a histórica subida de divisão do glorioso FCC, foi sob o seu "reinado" que fomos campeões distritais e ganhámos por 3-1 em Lisboa no primeiro jogo que o FC Crato disputou na 3ª Divisão Nacional.
Naturalmente que se cometem erros....afinal quem os não comete ? O jogo é feito de êxitos e inêxitos, sendo que os primeiros são, normalmente e injustamente, esquecidos em prol dos segundos...é sempre mais fácil apontar o erro...
Gostaria ainda de salientar o trabalho feito por todos os que o acompanharam nesta complicada missão de trabalhar em prol de um clube como o FCC, tantas e tantas vezes incompreendidos nestas suas funções.
Um abraço
João M. Roma
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